sábado, 16 de maio de 2009

 

Casa das meninas


Em Santo Antônio do Amparo diversas casas tem nomes de fazenda ou do proprio morador. Não precisamos dizer o endereço é só dizer o nome da pessoa ou da fazenda. E todos te levam ao local que quer ir.

Minhas tias Clarice e Arminda e meu tio José Oswaldo moravam na rua perto da farmacia do Binha, no centro da cidade. Mas ninguém sabia o endereço. Onde você vai, perguntava mamãe. Na casa das meninas. Elas eram para seus irmãos chamadas carinhosamente de meninas. Tia Clarice estaria com 92, tia Arminda com 90 e tio Zé com 88. Ele faleceu há dois anos atrás. Elas há mais tempo.

A casa era simples, mas cheia de coisas gostosas e de belos quadros. O Sagrado Coração de Jesus está aqui conosco. E algumas mobilias antigas em minha casa no interior de Minas.

Quando tia Clarice faleceu. Sua irmã , madrinha Zilá, me deu todos os seus santinhos. Tenho quase dois albuns de santinhos. E com dedicatórias lindas. Do tempo que tia Clarice estudava no Colégio Sacre Coeur em BH e fazia curso de Contabilidade. Belos escritos de suas colegas. Depois foram morar na Fazenda Cachoeira e mais tarde na casa que foi construída para que hospedassem na cidade.

Eram solteiras e prendadas. Tia Clarice habilidosa como tricoteira. Fazia trico para todos os sobrinhos que nasciam. Fazia também blusas para as adolescentes. Mas a especialidade era bebê. Tia Arminda fazia cabidinhos de fitas, bordava blusas e panos de prato. E fazia deliciosos suspiros e todo tipo de bolachinhas.A cozinha era fora da casa e o forno à lenha imenso.

E tinha a Luiza, que fazia uma sopa as 5 horas da tarde. Íamos lá para jantar e depois em casa jantavamos de novo.

E o tio Zé. Me lembro de vê-lo na fazenda trabalhando. Depois de vendê-la, passou a jogar baralho com algumas pessoas de SA e com os irmãos: tio Fernando e tio Nelson. Construiu uma casinha ao lado da residência para jogar com mais liberdade, mas o seu lema era divertir, não jogar a valer. Até algum tempo depois de seu falecimento os amigos e os irmãos, jogavam.

Quando papai faleceu em 1991, ele também foi operado do coração e ficou bom rapidinho.

Ele tinha muitas doenças, mas fazia tudo corretamente para sarar. E tinha muito amor por nós, seus sobrinhos. Mas Flávio era um anjo como disse um dia ,que ficava com ele quando estava em SA. E muitas vezes em hospitais. Tinha também bons enfermeiros. E um coração maravilhoso Quando eu tinha 09 anos precisei de uma bicicleta para crescer. Foi tio Zé que me deu. E o primeiro carro que meu irmão Homero ganhou foi o seu padrinho Zé que lhe deu.

Hoje a casa não está vazia. Mora uma familia muito querida nossa. Tenho certeza que a minha amiga Sueli mudou de idéia. A rua não está mais triste. Tem lojas de roupa, tem barulho de crianças. Não tem mais cabeludinha na horta, nem as flores em seu caramanchão cheias de violetas, flor de maio, e diversas outras flores que enfeitavam muitos casamentos.

Mas no céu está em festa porque papai está com quatro irmãos: Madrinha Zilá, tia Arminda, tia Clarice, tio Zé, que o amavam muito por ser o caçula.

Comentários:
Mônica, eles fizeram nossa infancia mais feliz. Eram tios queridos e aquela casa tinha cheiro de suspiro e de amor.
Lembro do Tio Zé com a faixa da irmandade que participava, indo todo orgulhoso para a procissão. Qual será a irmandade?
Com certeza eles estão lá de cima olhando por nós.
 
Marlia
E Irmandade do Sagrado Coração de Jesus.
Quem quer conhecer as tias a andrea colocou no blog dela. Porque eu não achei fotos aqui em casa.
Com carinho Monica
 
Olá amiga,
Que história mais linda, cheia de amor; imaginei tudo enquanto ia lendo, vc consegue transportar a gente para dentro da sua história, isso poucos escritores conseguem, pense nisso...
Obrigada pela visita, fico mto feliz qdo passa pelo meu blog.
ótima semana,
Abraço
 

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